Em ampla ascensão no mundo e no Brasil, a fertirrigação cada vez mais vem ganhando espaço à medida que a necessidade da tecnificação da agricultura se acentua. Parte desta expansão vem sendo motivada pela constante busca pelas maiores produtividades e eficiência na utilização dos recursos, sejam eles ambientais (água, áreas de terra e aproveitamento de áreas consideradas áridas) bem como econômicos (aproveitamento dos insumos e mão de obra). Neste contexto, a fertirrigação vem se estabelecendo como uma técnica que se enquadra perfeitamente nesta linha de raciocínio, onde, com segurança, buscamos potencializar o uso e o aproveitamento de todos esses recursos, em especial os nutrientes e a água.
A fertirrigação é um método agrícola que tem por característica o fornecimento dos nutrientes essenciais ao desenvolvimento vegetal por meio da água de irrigação, tudo isso permitido pela disposição de um sistema pressurizado por uma bomba d´água e interligado a um reservatório.
Em prática, utilizando-se uma analogia para uma melhor compreensão do seu princípio, a fertirrigação seria semelhante à ideia de uma dieta personalizada a um paciente que deseja ter maior performance em seus exercícios físicos para ganho de massa muscular: ingerindo os nutrientes necessários, de acordo com seu tipo de metabolismo, conseguirá ter mais energia e melhores resultados em seus treinos.
Com a diversidade de sistemas e princípios de funcionamento, é natural a observação de diferentes níveis de eficiência do uso da água. O sistema mais eficiente no que tange levar a fertilidade através da água é o gotejo, e isso é facilmente compreensível pela sua capacidade de levar a água com nutrientes até a proximidade da zona de absorção das plantas, de forma dosada, conferindo o maior nível de aproveitamento do uso da água (95% de eficiência no caso do gotejo) como podemos observar no quadro abaixo.
Dentre as possibilidades de aplicação de nutrientes sobre o solo, a fertirrigação apresenta-se como a mais eficiente, principalmente sob sistemas de gotejo, pois entrega de forma precisa os nutrientes no local onde as plantas realmente são capazes de absorvê-los: na zona radicular ou, em outras palavras, oferecidos “na boca da planta”.
Como podemos ver, este sistema propicia o maior controle do manejo nutricional, pois ao mesmo tempo que entrega no local certo, permite o uso racional das fontes nutricionais bem como a gestão do aporte (frequência) de fornecimento dos nutrientes às plantas ao longo de todo seu ciclo, permitindo o seu ajuste conforme a demanda nutricional estabelecida em cada fase de desenvolvimento, além do ponto de vista hídrico, em que o sistema nos permite uma maior otimização do uso da água:
No sistema fertirrigado é imprescindível que as fontes de nutrição sejam hidrossolúveis. Só assim, com a dissolução das fontes nutricionais em água e em acordo com a compatibilidade entre os nutrientes (evitando reações químicas) é que damos origem à solução de fertirrigação ou, mais especificamente, à solução nutritiva. Resgatando a analogia mencionada anteriormente sobre a dieta balanceada para determinado paciente, tal dieta recomendada nada mais corresponderia à nossa solução nutritiva ofertada às plantas.
Os benefícios proporcionados por esse sistema são diversos, desde o maior controle de gestão do sistema produtivo, do estímulo de crescimento vegetal, da gestão nutricional de modo que a nutrição seja fornecida com qualidade e com periodicidade ao longo de todo o ciclo da cultura. Diferentemente de outros sistemas, a fertirrigação contrapõe a metodologia do fornecimento em nutrição dos sistemas tradicionais de cultivo que tentam suprir a demanda da nutrição de forma pontual, também chamada de “nutrição por golpe”. Neste método tradicional, a entrega de nutrientes é realizada de forma a disponibilizar todos os nutrientes necessários às plantas de uma só vez, com entradas em momentos específicos, mas que acaba sendo uma estratégia de fornecimento.
Lesões em folhas de batata causadas pela aplicação em cobertura de KCl.
Todos sabemos que para nos alimentarmos bem precisamos diariamente de uma variedade de alimentos que atendam demandas distintas por nutrientes conforme nossa fase de desenvolvimento, e o mesmo acontece com as plantas. Uma das principais vantagens de cultivos fertirrigados sobre os sistemas tradicionais está justamente no fato de fornecer água e nutrientes de maneira homogênea e com estabilidade, permitindo entre outros:
Analisando de forma holística este sistema, identificamos outras vantagens além dessas, assim como alguns pontos de que podemos observar no quadro abaixo:
Entretanto, assim como qualquer outro sistema mais tecnificado, a exigência quanto à nossa capacidade analítica e de manejo, em que estão intimamente também interligados fatores agronômicos que determinam o desempenho de uma cultura, se potencializa ainda mais. A complexidade de se conduzir sistemas produtivos vivos, assim como o êxito nos resultados, não se restringe apenas à tecnologia, mas também à nossa capacidade de coordenar todos eventos da melhor forma, sejam estes eventos intrínsecos à planta (caraterísticas individuais e suas demandas) ou ao ambiente (temperatura, umidade, características de solo, disponibilidade de nutrientes, etc.) em que este sistema está inserido.
Existem vários fatores que podem influenciar a fertirrigação. Da sinergia e gestão de todos estes fatores é que este sistema se consagra em sua máxima eficiência e, por consequência, reverte-se em resultados satisfatórios para o agricultor. Por isso vamos conhecer quais são eles e como se relacionam a esta técnica:
A qualidade da água é essencial para a fertirrigação. Ao iniciar um projeto, é fundamental conhecer a água de sua propriedade. Pela análise da água podemos verificar muitos aspectos, dentre eles:
– A sua composição mineral: verificar a possibilidade da presença de elementos (ex: Cloro, Sódio) em excesso e que podem comprometer o desenvolvimento da cultura de alguma forma (causando a fitoxidez, acentuando o acúmulo de sais no solo);
– A água de irrigação também pode conter naturalmente Cálcio e outros elementos considerados essenciais para as plantas. Nesse caso, o aporte desses nutrientes pode ser descontado no momento de elaborar o cálculo nutricional para fornecimento via fertirrigação;
– Certificar-se sobre a ausência de metais pesados na água;
– Aferição das condições de pH da solução, permitindo assim o seu ajuste para a garantia da disponibilidade de nutrientes;
– Vale lembrar também que em algumas regiões, de forma natural e em virtude da formação mineralógica local, há maior concentração de íons carbonatos, bicarbonatos (água dura), os quais podem imprimir a situações de pH elevado. Neste caso, alterações sobre o manejo são necessárias, principalmente para se evitar a indisponibilização do Ferro adicionado à solução.
É importante ressaltar que a água para uso em sistema de fertirrigação deve ser de qualidade, apresentando baixa salinidade e pH na faixa ideal entre 5,5 e 6,5. Confira abaixo a tabela com os parâmetros da qualidade da água:
Com sabemos, o pH interfere diretamente na disponibilidade dos nutrientes em solução. A faixa de pH ótima para a máxima disponibilidade em macro e micronutrientes encontra-se entre 5,5 e 6,5. Sendo assim, a maior eficiência de absorção destes pela planta também se encontra neste mesmo espectro. Por isso, o monitoramento deste parâmetro, possibilitado pela ferramenta pHmetro na fertirrigação, assim como em outros sistemas de cultivo, faz parte das condições determinantes sobre a segurança quanto à qualidade da nutrição, para disponibilidade de níveis adequados de nutrientes para absorção pela planta e garantir seu bom desenvolvimento.
Além do mais, não podemos esquecer que sob outras faixas espectrais de pH temos a redução da solubilidade dos elementos minerais conforme a sua natureza, aumentando assim os riscos de formação de precipitados em solução. Esta ocorrência em prática é fatal para sistemas fertirrigados, os quais são compostos por estruturas formadas por mangueiras, canos e emissores. Além de serem sinônimos de perdas em nutrientes dos quais não foram aproveitados para a nutrição da planta, estas partículas formadas se depositam em seu interior, formando incrustações e causando entupimento de emissores e comprometendo a eficiência de funcionamento e distribuição da solução pelo sistema.
Esta é uma outra característica importante a se avaliar em sua propriedade. A textura do solo, a variar pelo espectro argiloso a arenoso, influencia no comportamento da água no solo e na formação do bulbo e faixa úmida.
Em solos argilosos, a velocidade da água no solo é mais lenta do que em comparação a solos arenosos, por exemplo. Parte disso é devido às características da estrutura do solo argiloso e ao menor tamanho de suas partículas, condição esta que indiretamente estabelece um maior número de microporos e que por consequência se traduz em maior capacidade de retenção de água. Paralelamente, tal fato também influi para que a água não evapore muito rapidamente. Em prática, esta particularidade leva a muitas implicações sobre a forma de manejar a fertirrigação, principalmente quanto ao regime de aplicação e frequência de entrega da solução nutritiva. O entendimento da dinâmica do que se passa no solo, conforme a textura e absorção dos nutrientes, será essencial para evitar situações como:
– Aplicações que propiciem perdas de nutrientes para o ambiente, como a lixiviação de nutrientes;
– Estresse hídrico: no caso de solos arenosos, a condutividade hídrica é maior, ou seja, a manutenção do bulbo úmido por mais tempo é comprometida, necessitando uma frequência maior de irrigação em comparação a solos argilosos.
Além do pH, a capacidade de troca catiônica (CTC) também tem grande influência sobre a disponibilidade de nutrientes às plantas no solo. Ela está envolvida com a questão da retenção e reciclagem de nutrientes no solo bem como sobre o aspecto em fornecer continuamente os nutrientes para as plantas. Isso porque a CTC refere-se à quantidade de cargas negativas que os solos possuem, cargas estas com as quais os nutrientes podem se ligar e permanecer adsorvidos às partículas (na fração argila ou matéria orgânica) e serem disponibilizados gradativamente para a solução do solo. Conforme a composição do solo (textura do solo, mais argilosa ou mais arenosa), verifica-se a variação dessa CTC ou da capacidade de armazenamento dos nutrientes. Dessas frações que compõem a formação do solo, a argila é a que possui maior superfície específica, com alta propensão à retenção de cátions (K+, Mg2+) e adsorção do Fósforo.
Em prática, no universo da fertirrigação, essas características (CTC e textura) devem ser levadas em consideração, principalmente pelo fato delas influírem:
– Na dinâmica de retenção dos íons essenciais que são oferecidos via fertirrigação;
– No aspecto de capacidade de estocagem desses nutrientes (variável conforme a composição do solo: argila, areia, silte e matéria orgânica)
– Disponibilidade desses nutrientes na solução do solo e de suas tendências quanto à mobilidade, o que por consequência influi na necessidade de cuidados e de manejos específicos conforme cada um deles para potencializar seu melhor aproveitamento e evitar situações de perdas para o ambiente, por exemplo.
De forma geral, solos mais argilosos possuem uma capacidade maior de retenção de nutrientes em comparação a solos arenosos, os quais por sua vez, são mais susceptíveis à lixiviação dos nutrientes. Isso imprime na prática cuidados durante a fertirrigação, para que não sejam realizadas aplicações em nutrição desencontradas e que em combinação a um eventual excesso de água no sistema favoreça a perda dos nutrientes (principalmente para solos arenosos).
A matéria orgânica (MO) é formada pelo conjunto de materiais orgânicos de origem vegetal ou animal em decomposição, podendo ser composta por fragmentos de culturas e resíduos orgânicos, compostos solúveis, organismos do solo, exsudatos, substâncias húmicas e não-húmicas. A MO acumula muitas funções sobre a dinâmica do solo, desde funções físicas (estruturais, retenção de umidade), químicas (agregação dos minerais, pH e CTC do solo) bem como biológicas (reserva de nutrientes, atividade microbiana), como podemos observar no esquema abaixo:
Além do fornecimento de nutrientes essenciais às plantas à medida da sua mineralização, o seu incremento no solo significa muitos benefícios, como:
– Melhoria da estrutura física (agregação das partículas);
– Favorecimento na infiltração de água e retenção da umidade no solo;
– Pode contribuir no aumento da capacidade de troca catiônica (CTC), gerando cargas que ajudam a reter os nutrientes no solo;
– Melhoria das propriedades biológicas pelos microrganismos presentes na MO.
Considerando todas as características e proveitos pela presença da MO, é esperado também uma influência sobre os sistemas fertirrigados, principalmente imprimindo maiores cuidados no manejo. O incremento da MO pode favorecer o incremento do potencial dos solos em reter água e nutrientes, otimizando ainda mais o aproveitamento do que é oferecido com a fertirrigação, além de ser mais uma porta de reserva de fertilidade complementar à disposição da planta. Além do mais, favorece a manutenção da umidade no solo, motivo pelo qual o cuidado sobre o regime de frequências no aporte da fertilidade via água deve ser ajustado também.
A Condutividade Elétrica é um parâmetro associado à capacidade da solução de difundir uma corrente elétrica em ocasião da presença de íons em solução. Ela é variável conforme a concentração dos íons (soluções mais concentradas apresentam maior condutividade). Na fertirrigação a condutividade elétrica é um parâmetro muito importante, pois a partir dela inferirmosmuitas considerações sobre o manejo, dentre elas:
– Avaliar a concentração dos nutrientes disponíveis na solução do solo e solução nutritiva por meio de ferramentas de monitoramento (Condutivímetro, extratores de solução, análise com a sonda multi-íons)
– Monitorar o consumo desses nutrientes de forma a ajustar nossa solução nutritiva e determinar ou não a necessidade de fertirrigar. Isto imprime um maior controle do manejo da nutrição bem como a maior economia das fontes nutricionais;
– Monitorar a condutividade das soluções de modo a garantir a estabilidade de entrega dos nutrientes às plantas ao longo de todo o ciclo;
– Evitar situações de salinização dos solos pelo uso racional das fontes, associado a escolhas de fontes adequadas e com baixo índice salino. A CE também está intimamente ligada ao aspecto do índice salino. Alguns elementos (a exemplo do Cloro e Sódio) possuem maior contribuição na questão da salinidade de uma solução nutritiva que, por consequência, também contribui para o aumento da CE. Para algumas espécies o aspecto salino pode comprometer o bom desenvolvimento das plantas.
A entrega do conjunto em macro e micronutrientes essenciais ao desenvolvimento vegetal, por meio de uma solução nutritiva completa e balanceada, acordada às fases fenológicas e em sinergia aos fatores agronômicos, são fundamentais para o sucesso de sistemas fertirrigados.
Com uma solução nutritiva completa e bem manejada, possibilitamos a expressão máxima do potencial de crescimento das plantas, bem como a possibilidade de ajustes assertivos pelo maior controle da nutrição. Um dos segredos para o êxito deste sistema está nos cuidados que o produtor preconiza ao conduzir este tipo de sistema de cultivo, como:
– Na elaboração do programa nutricional em acordo com a demanda da cultura (curva de absorção);
– Parcelamento da nutrição;
– Escolhas das fontes corretas;
– Atenção ao sinergismo e antagonismo dos nutrientes;
– Preparo, condução e monitoramento ao longo da condução da cultura;
– Controle dos estímulos de crescimento da planta pela relação N:K, ora vegetativo, ora generativo;
– Cuidado no aporte de volume de água no sistema, evitando a lixiviação ou até mesmo situações de hipoxia.
Estes são apenas alguns cuidados a se atentar em um sistema que viabiliza perspectivas de grandes produtividades ao passo que também exige muita atenção nas ações no manejo diário pelo produtor, para uma maior eficiência do sistema produtivo e resultados.
A fertirrigação é um conceito de produção agrícola crescente, baseado em pilares que prezam a otimização dos recursos com a conciliação dos princípios agronômicos de produção de plantas e a possibilidade de realizar uma gestão de alta performance. Para tanto, nesta agricultura devemos abandonar o ideal de doses dos fertilizantes em kg/ha, substituindo este para dosificar de acordo com as concentrações de nutrientes na solução de irrigação. Em complemento e nesta mesma linha, nasce também o conceito do manejo dos “4 Cs”: com a escolha das fontes certas, na dose certa, no local certo, no momento certo é que atribuímos a sistemas fertirrigadosmaiores chances de alcançarmos esta capacidade de performance, bem como maiores ganhos em produtividade por área. Tudo isso, viabilizando sistemas produtivos que se alinhem a nossa necessidade de produzir mais e de forma sustentável. A VITAS BRASIL compartilha desta ideia, além de possuir uma vasta experiência em sistemas os quais têm a fertirrigação como método de aporte da nutrição para diferentes culturas, com uma gama de produtos especiais em seu portfólio para este tipo de tecnologia, além de um grande time composto por Agronutricionistas treinados e à disposição daqueles que necessitam de assistência neste sistema de cultivo. Por isso, se você pensa fertirrigação? Conte com a VITAS BRASIL!
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